Boletim I Junho I nº28/2022

Boletim 28 | Jun/2022

Editorial

É sempre muito bom poder mostrar a evolução do setor de aquecimento solar térmico no Brasil e no mundo.  A partir deste ano a energia solar térmica passa a integrar o Balanço Energético Nacional, uma conquista importante por gerar ampla visibilidade para o crescimento do uso desta fonte de energia.

São estas conquistas que a ABRASOL pretende levar para apresentar no Painel Setorial PBE para uma indústria mais sustentável, que acontecerá em Xerém, na sede do Inmetro e para o qual a Associação foi convidada para palestrar.

O convite, que muito nos honra, demonstra o fortalecimento da imagem da ABRASOL como também do setor. É hora de colher frutos de anos de empenho e trabalho em prol deste mercado.

Na linha de apresentar cases de sucesso, trazemos três exemplos bem interessantes do uso da energia solar térmica por empresas de vários segmentos na Alemanha, mostrando que há muito espaço para o crescimento do uso do aquecedor solar de água no segmento industrial brasileiro.

Finalizando a edição, temos uma importante reflexão do nosso Vice-Presidente, Davi Kulb, sobre a importância do planejamento energético na utilização do aquecimento solar.

Uma boa leitura para todos!

Luiz Antonio dos Santos Pinto
Presidente

Energia Solar Térmica Agora está no Balanço Energético Nacional

A partir de 2022 o Balanço Energético Nacional incorporou na sua matriz a energia solar térmica, o que foi considerado pelo setor uma conquista significativa, uma vez que dá visibilidade para o uso dessa fonte renovável de energia.

Segundo o Relatório Síntese 2022 – ano base 2021 do Balanço Energético Nacional (BEN), a repartição da oferta de “outras renováveis” se dá entre oito categorias de fontes de energia. A energia térmica aparece nesta relação com 3,6%, o que demonstra um potencial enorme de crescimento.

Em 2021, a oferta interna de energia (total de energia disponibilizada no país) atingiu 301,5 Mtep, registrando um avanço de 4,5% em relação ao ano anterior. A participação de renováveis na matriz energética foi marcada pela queda da oferta de energia hidráulica, associada à escassez hídrica e ao acionamento das usinas termelétricas.

No campo residencial de energia houve um crescimento discreto de 0,8% em relação a 2020. Vale destacar que a energia solar térmica registrou 2,5%.

Confira os detalhes do Relatório em - https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/balanco-energetico-nacional-2022

Indústrias da Alemanha Investem no Uso do Aquecedor Solar de Água em Vários Segmentos

Nesta edição apresentamos alguns números que mostram o crescimento do uso de aquecimento solar de água no Brasil e no mundo, mas especificamente no Brasil os números do BEN demonstram que o país ainda possui um potencial enorme para crescer no uso da energia como fonte de energia para aquecimento de água.

A ABRASOL tem divulgado alguns cases de sucesso que mostram as inúmeras possibilidades de consumo de água quente, sem a utilização da energia elétrica, que é uma energia nobre e cada vez mais cara no país para desempenhar a função de aquecimento, sem contar que os aquecedores solares são os mais eficientes dentre todas as tecnologias. É o caso da Alemanha, de onde trazemos três exemplos bastante interessantes para o setor industrial.

No primeiro deles a empresa especializada em produção de bolos, recorreu ao uso do aquecimento solar de água para a limpeza da linha de produção. Com um consumo diário de 10 m³ a empresa investiu em uma área bruta de coletores de 100 m² (área abertura 58,2 m²) composta por 20 coletores a vácuo, uma bomba para circular a água quente.

No segundo caso o sistema solar térmico, instalado em 2011, suporta uma caldeira a óleo que aquece os banhos desengraxantes em que as peças são limpas antes da galvanização. A temperatura requerida é de 80°C. Eles distribuem água a uma temperatura de até 90°C diretamente para os banhos desengraxantes, e para o trocador de calor água/ar para as câmaras de secagem.

No terceiro exemplo, uma oficina de pintura adotou o sistema solar térmico para suportar uma caldeira a óleo para fornecer ar aquecido para duas câmaras, uma de pintura e outra de secagem. A água quente é retirada de cada tanque e vai para um trocador de calor água/ar, além disso, um trocador de calor rotativo no telhado do prédio transfere calor do ar que seria desperdiçado para pré-aquecer o ar que entra.

Em todos os casos fica claro que o aquecimento solar de água pode ser um importante aliado na redução do consumo de energia elétrica não apenas no uso residencial. “Existem diversos segmentos da indústria que podem e devem investir no uso do aquecedor solar de água, principalmente em um país com a insolação que existe no Brasil”, ressalta o presidente da ABRASOL, Luiz Antonio Santos Pinto.

Para conferir a íntegra dos cases, basta acessar o curso do Certificasol desenvolvido pela ABRASOL e parceria com a Academia de Energias Renováveis da Alemanha : https://bit.ly/3bUyum1  

ABRASOL Participa de Painel Setorial do INMETRO

O Inmetro convidou a ABRASOL para palestrar no evento que será realizado no próximo dia 12 de julho, em Xerém, Duque de Caxias, no Painel Setorial “PBE para uma indústria mais sustentável”. Os painéis setoriais têm por objetivo reunir atores públicos e privados ligados a setores específicos da economia, visando identificar suas necessidades e a impulsionar projetos em parceria.

O painel discutirá a contribuição do Programa Brasileiro de Etiquetagem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e propiciará a reflexão crítica sobre os impactos alcançados e os benefícios que se pretende obter com a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). O objetivo é sair com uma agenda de entendimentos, com ações que possam ser desenvolvidas no âmbito da metrologia, da acreditação e da avaliação da conformidade para o setor.

Na parte da manhã, o encontro terá palestras e mesas redondas. À tarde, haverá visita aos laboratórios e os palestrantes se reunirão para a construção da agenda de entendimentos com o Inmetro.

Para acompanhar o evento de forma remota, basta acessar o link: https://www.gov.br/inmetro/pt-br/centrais-de-conteudo/eventos/painel-setorial-sobre-programa-brasileiro-de-etiquetagem-para-uma-industria-mais-sustentavel

A Utilização do Aquecimento Solar no Planejamento Energético

Quando falamos em planejamento energético, temos que destacar a importância da  Empresa de Pesquisa Energética – EPE que tem por finalidade prestar serviços ao Ministério de Minas e Energia (MME) na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, destaca Davi Kulb, Vice-Presidente de Comércio, Projetos e Instaladores da ABRASOL.

No Plano Decenal de Expansão de Energia 2027, sendo que a distribuição deste consumo, apresentada no gráfico abaixo mostra o setor residencial com 30,1%, industrial com 36,3%, e comercial com 17,4%.

O consumo evitado de eletricidade para aquecimento de água utilizando Sistemas de Aquecimento Solar (SAS) em 2021 foi de 1.260 MW, mais que 80% uma turbina de Itaipu, que é de 700 MW. A produção acumulada de energia dos aquecedores solares de água instalados no Brasil é de aproximadamente 14,7 GW, o que equivale a mais do que uma usina de Itaipu, que é de 14GW, questionamos:

Seria a contribuição dos SAS utilizado apenas para evitar o uso da eletricidade para aquecimento de água no mercado residencial?

Quando falamos em eficiência energética, devemos considerar um espectro bem mais amplo da aplicabilidade dos SAS, ressalta Kulb.

Hoje o setor já conta com várias aplicações bem-sucedidas nos setores comerciais e industriais. Podemos destacar entre elas, o uso em larga escala de sistemas de geração de água quente através da energia solar para o setor hoteleiro e de lazer em geral como clubes, restaurantes e academiais.

Mas as aplicações dos SAS não param por aí enfatiza o VP, Davi Kulb. Temos ainda as indústrias alimentícias que utilizam muita água quente além de outros segmentos como na lavagem de metais, descontaminação de vasilhames e na limpeza em geral.

Hoje temos o desafio de levantar e oferecer dados concretos do uso dos SAS nestes segmentos à EPE para que ela amplie nos seus próximos planos decenais os estudos relativos à energia evitada de forma mais ampla, não restringindo o impacto apenas no mercado residencial.

A melhoria contínua no desenvolvimento de novas tecnologias, qualidade de materiais e processos, assegura uma durabilidade dos equipamentos para mais de 25 anos. Somando-se a isso, o ganho de escala através do desenvolvimento de políticas públicas para a disseminação desta tecnologia num espectro mais amplo de sua aplicabilidade, poderemos reduzir o retorno do investimento em SAS de 2 a 3 anos para um tempo ainda menor, assim tanto o cliente residencial, como o comercial e industrial não teriam dúvidas em investir na aplicação desta tecnologia, conclui Kulb.

Davi Kulb
VP Comércio, Projetos e Instaladores