Boletim I Agosto I nº30/2022

Boletim 30 | Ago/2022

Editorial

Estamos chegando no mês de setembro e as chuvas ao longo do ano não ficaram dentro do esperado. Ainda não temos uma visão arriscada como no ano passado, mas também não é possível ficar absolutamente tranquilo. Olhando para este cenário, fica ainda mais evidente a necessidade do país adotar definitivamente alternativas renováveis que liberem o sistema elétrico nacional.

Depois de muito trabalho, a ABRASOL tem a alegria de dizer que a minuta do Projeto de Lei (PL) do Pronasol, Programa Nacional de Incentivos ao uso de aquecedores solares de água para redução e estabilidade do consumo de eletricidade e da utilização de combustíveis fósseis para aquecimento de água em residências, está pronto e tramitando.

O PL é um avanço, mas ainda precisamos reforçar e mostrar como outros países do mundo investem no incentivo do uso do aquecedor solar de água, para tanto, seguimos mostrando alguns exemplos de investimentos que comprovam a eficiência do sistema.

Nosso vice-presidente de Aquecedor a Vácuo, Cristiano Dalessandro, fala sobre a consolidação da eficiência dos aquecedores solares, mostrando que o setor segue na direção certa. E claro, um segmento que investe em energia renovável, atende aos objetivos de sustentabilidade da ONU, ao garantir energia acessível e limpa; emprego digno e crescimento econômico; cidade e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; combate às alterações climáticas e vida sobre a terra.

Uma boa leitura para todos!

Luiz Antonio dos Santos Pinto
Presidente

O Aquecimento Solar de Água colaborando com os ODS da ONU

Segundo o Relatório de Riscos Globais de 2022, realizado pelo Fórum Econômico Mundial, as pesquisas realizadas neste ano indicam que os dois mais graves riscos de escala global ao longo dos próximos 10 anos serão a falha nas ações para contenção das mudanças climáticas e o clima extremo, ou seja, o combate às mudanças climáticas pode ser considerado o principal desafio enfrentado pela humanidade na próxima década.

Considerando-se que os Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes da queima de combustíveis fósseis são atualmente os maiores contribuintes para o aumento da temperatura da Terra, o uso de fontes renováveis de energia é um dos principais instrumentos para combater às mudanças climáticas.

Liv Nakashima Costa. - especialista Ambiental do Departamento de Desenvolvimento Sustentável (DDS)

Logo, estimular o uso do aquecimento solar de água em residências e no segmento industrial, pode contribuir de forma significativa para o cumprimento das metas globais. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), por endereçarem os principais desafios globais da atualidade, são o grande direcionador dos esforços conjuntos a serem empenhados, tanto pelos países, quanto pelas empresas, instituições e sociedade civil, para uma prosperidade do planeta de forma sustentável, resiliente e justa, afirma a especialista Ambiental do Departamento de Desenvolvimento Sustentável (DDS) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Liv Nakashima Costa.

Segundo ela, independente da fonte, a geração de energia elétrica e seus processos de transformação até chegar ao consumidor final causam impactos socioambientais em maior ou menor grau, portanto, a redução do seu consumo deve ser a primeira medida a ser adotada, quando possível. Esta redução pode se dar por meio de ações diversas, incluindo medidas de melhoria de eficiência energética, aproveitamento de calor gerado em equipamentos que utilizam motores a combustão para outras finalidades, como o uso de energia solar térmica para aquecimento de água, por exemplo.

O presidente da ABRASOL, Luiz Antonio dos Santos Pinto, lembra que os ODS foram estabelecidos pela ONU em 2015, em substituição aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que deveriam ter sido alcançados naquele ano, mas fracassaram. Agora, para o cumprimento da Agenda 2030 só restam oito anos à civilização. “Não podemos falhar de novo, numa conjuntura global de desemprego, aumento da insegurança alimentar e consequências já graves das mudanças climáticas, como se observa no presente verão do Hemisfério Norte, onde o calor está causando grandes danos à saúde pública, às empresas e à economia.”

A FIESP, que tem longo histórico de atuação no fomento ao desenvolvimento sustentável da indústria e no apoio técnico à conformidade ambiental do setor, está atenta ao tema. Buscando agregar conhecimento de excelência às discussões relacionadas ao ESG no setor industrial, firmou parceria com a FIA Business School, por meio de um Termo de Cooperação Técnica, através do qual veem promovendo ações de sensibilização do setor quanto à temática, como webinars e workshops, ampliando o engajamento da indústria e disseminando conteúdo de qualidade.

Os resultados da pesquisa “Rumos ESG na indústria Paulista”, realizada pela parceria FIESP e FIA, demonstraram a importância da atualização das empresas em suas estratégias e planejamento, incorporando as questões relacionados a ESG para que se mantenham competitivas nesta nova perspectiva de mercado.

O presidente da ABRASOL reforça que é grande a responsabilidade de governos, sociedade, formadores de opinião e universo corporativo no sentido de viabilizar o êxito da agenda mundial voltada ao desenvolvimento sustentável, ancorada no bem-estar das pessoas, preservação ambiental, prosperidade e paz. Nessas metas, a questão energética é estratégica.”

PL do Pronasol está pronto e tramitando

O uso da energia solar térmica é estimulado em todo o mundo. Não são poucos os países que possuem programas de incentivo ao uso do aquecedor solar de água em residências e mesmo na área industrial. No Brasil, percebe-se a necessidade de uma política pública que contribua para gerar alternativas renováveis que aliviem a sobrecarga no sistema elétrico nacional.

Ao longo de sua história, a ABRASOL vem trabalhando junto aos governos buscando mostrar a importância da criação do Programa Nacional de Incentivos ao uso de aquecedores solares de água para redução e estabilidade do consumo de eletricidade e da utilização de combustíveis fósseis para aquecimento de água em residências. A minuta do PL que se refere ao PRONASOL, nome atribuído ao Programa está pronto e texto do Projeto de Lei, já seguiu para que o senador avalie e dê prosseguimento aos trâmites dentro do congresso.

De acordo com o presidente da ABRASOL, Luiz Antonio dos Santos Pinto, essa é uma grande vitória para o país, para o segmento e para o meio ambiente. “O país detém tecnologia nacional equiparada com as melhores do mundo, com a produção e instalação de sistemas de aquecimento solar de água, com a utilização de matériasprimas, quase em sua totalidade nacionais, o que garante a oferta de produtos, mesmo com uma demanda ampliada.”

Dentre os princípios o PRONASOL prevê a redução das emissões de poluentes e de gases de efeito estufa; entre os objetivos amplia o uso da energia solar térmica no território nacional e na gestão estabelece a criação de programas e ações de educação ambiental, financiamentos e verba para programas de eficiência energética.

O setor de Energia Solar térmica gera 46.000 empregos diretos e indiretos, número que poderia ser triplicado rapidamente levando-se em consideração que que o setor tem aproximadamente 55% de capacidade ociosa em suas fábricas. Além do fato que muitas outras fábricas e empresas poderão ser criadas gerando mais empregos e riquezas para o país com o aumento da demanda.

Com o PL proposto, o Brasil poderia atuar em um potencial muito mais expressivo. Para efeito de comparação, um país como o Chipre tem o aquecimento solar de água presente em 90% das residências enquanto no Brasil está presente em apenas 5% de suas residências, ocupando apenas a 31ª colocação na quantidade de m² de coletores instalados/1.000 habitantes, segundo dados da publicação Solar Heat Worldwide 2022.

Empresa Mexicana aumenta em 40% eficiência com uso do aquecedor solar de água

A energia solar térmica é socialmente inclusiva e renovável por inteiro. Mostrar essas qualidades e ainda as vantagens financeiras do seu uso tem sido uma das principais ações da ABRASOL. Enquanto no setor residencial o crescimento da procura pelos aquecedores térmicos vem crescendo, no segmento industrial ele ainda está bem retraído, com enorme potencial de crescimento.

Por este motivo a ABRASOL tem trazido alguns exemplos de aplicações em outros países, de forma a ilustrar com números reais as experiências que se multiplicam pelo mundo.

Antes de mais nada é importante saber que no segmento industrial a geração de calor varia conforme o tipo de coletor utilizado para cada temperatura.

Na figura abaixo alguns desses exemplos para cada tipo de aplicação:

Nesta edição vamos mostrar um exemplo no México. Uma indústria de produtos de higiene pessoal que utiliza uma fração de água quente de 65ºC da demanda de calor para o processo de emulsificação.

Para tanto o diretor de Operações das Indústrias Lavin, Luís Martínez Lavin, utilizou uma superfície bruta de coletores de 533 m² (373 kw), em um investimento de 221.600 dólares. Vale ressaltar que a empresa recebeu um subsídio de 50% do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do México (CONACYT).

Com o uso das placas solares térmicas, a empresa passou a economizar em um ano  97.300 litros de gás propano. “Somos uma empresa socialmente responsável e motivada pelo interesse no cuidado ao meio ambiente Temos buscado integrar um sistema de pré-aquecimento de água aos nossos processos de produção de emulsões para cremes corporais e desodorantes, aumentando a eficiência de nosso processo produtivo em 40% ao reduzir o tempo de produção no processo central.”

O Aquecedor Solar de Água Consolida sua Eficiência

A energia solar é hoje uma fonte que está sendo altamente explorada. Na vertente térmica, ela corresponde a cerca de 40% de economia, porque um chuveiro elétrico consome em torno de 40% de energia elétrica de uma residência. A observação é do vice-presidente de Aquecedor a Vácuo da ABRASOL, Cristiano Dalessandro.

Ele explica que ao substituir um chuveiro por um aquecedor solar de água, a pessoa opta pela eficiência do sistema e por uma fonte de energia limpa, garantindo sustentabilidade para sua residência ou empresa.  “Temos trabalhado para demonstrar essa eficiência dessa tecnologia como solução para o aquecimento de água.”

O Brasil, ressalta, vem se destacando mundialmente ao adotar políticas econômicas que privilegiam o uso de energia renovável. “Estamos saindo de um período pós-pandemia, então é obvio que isso dá uma retração, mas o crescimento de qualquer país depende de energia, e a energia solar é hoje uma fonte que está sendo altamente explorada.”

Ele lembra que em alguns momentos pode existir a necessidade da utilização de  um backup elétrico ou a gás, nos períodos chuvosos muito longos, no entanto, a evolução desse mercado tende a ser forte.  Cita o exemplo de uma grande indústria que precisa lavar equipamentos e decidiu investir em uma solução à base de energia solar térmica para aquecer a água sem usar nenhuma outra fonte energética. “Prevemos crescimento em cima de crescimento nos próximos anos. Quanto mais o Brasil crescer, mais o setor crescerá.”

Apesar de alguns exemplos importantes no segmento industrial, o residencial ainda é o que mais aposta nos coletores solares térmicos. “O setor industrial está despertando agora para a utilização de energia solar nos processos industriais. Culturalmente falando, não é muito usada a energia solar para quase todos os fins, mas isso tem mudado e as indústrias têm percebido a possibilidade da energia solar.”

Ressaltando a longevidade da indústria nacional, o VP lembra que na sua área de atuação na ABRASOL, de tubos a vácuo, a fabricação é praticamente 100% importada, existindo empresas que apenas montam o equipamento no Brasil e outras que fabricam os tanques e importam apenas os tubos. “Nos equipamentos tradicionais, a indústria nacional está consolidada, o Brasil é um expoente disso, com uma tecnologia muito mais eficiente para aquecimento do que a energia elétrica.”

Cristiano Dalessandro
VP de Aquecedor a Vácuo

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