Boletim | Julho | nº 05/2020

Julho | nº 05/2020

Editorial

O segundo semestre de 2020 segue seu rumo ainda cercado de muita incerteza. A nosso favor, temos os primeiros sinais de retomada do setor da construção civil. Os números positivos, embora pequenos, trazem alento para toda a cadeia.

Temos falado e mostrado iniciativas que indicam o grande interesse no aquecimento solar térmico. Já mostramos o uso do equipamento em diversos tipos de obras, como prédios, resorts e agora em um hospital, construído em Recife para o atendimento de idosos.

Como fica claro nas matérias, nossa indústria está apta a oferecer soluções para vários tipos de empreendimentos. Pensando em melhorar ainda mais a estrutura que envolve a escolha do equipamento de aquecimento solar térmico, estamos criando na ABRASOL, um “Manual de Boas Práticas”.

A ideia é gerar um documento para que o cliente tenha uma base do que precisa solicitar a um projetista ou mesmo na revenda, seja em termos de qualificação de mão de obra, detalhamento de critérios de desempenho, padrões de isolamento, dentre outros.

Outra boa notícia é a retomada dos trabalhos do Solar Payback. A ABRASOL e os parceiros deste projeto com a Alemanha, estão nos ajustes finais para determinação das atividades a serem desenvolvidas em 2020-2021, que trará diversas oportunidades para crescer e diversificar o mercado de energia solar térmica no Brasil.

Nosso Vice-Presidente de Comércio, Projetos e Instaladores, Davi Kulb, fala do trabalho da ABRASOL nestas áreas, destacando a necessidade e importância de profissionalizar toda a cadeia.

Como fica claro, estamos atentos ao mercado e às necessidades dos nossos associados, defendendo o trabalho em parceria e a aproximação das empresas à Associação. “Vamos em frente!’

Oscar de Mattos
Presidente

ABRASOL prepara Manual de Boas Práticas

Reunir em um documento as premissas dos padrões mínimos que o cliente precisa ter dentro de um projeto de aquecimento solar. É isso que busca o Manual de Boas Práticas que está sendo elaborado pela ABRASOL, sob a coordenação de Luciano Torres Pereira, engenheiro mecânico, com ênfase em mecatrônica, diretor Técnico da Resolver Engenharia, empresa especializada em projetos e consultoria de sistemas de aquecimento de água.

Com o Manual espera-se garantir uma instalação mais segura e confiável. Ele explica que existem várias empresas, vários projetos, mas uma grande diferença entre eles. “Há alguns muito detalhados e outros com poucas informações e falta de critérios mínimos de desempenho dos equipamentos, acessórios e da instalação.”

Luciano Torres Pereira – Engenheiro Mecânico e Diretor Técnico da Resolver Engenharia

O engenheiro explica que essa falta de detalhamento pode levar a aquisição equivocada do produto. “A ideia da ABRASOL é gerar um documento no qual o cliente terá base do que ele precisa solicitar junto a um projetista ou até mesmo de uma revenda de sistema de aquecimento solar. Isto envolve desde a certificação dos produtos, o detalhamento destes critérios de desempenho, assim como os padrões de tubos e conexões, isolamento térmico, acessórios, automação do sistema e assim por diante.”

Torres lembra que por se tratar de uma matéria muito específica, poucos clientes têm a informação completa daquilo que precisa adquirir, então, muitas vezes, por falta de conhecimento do cliente e do fornecedor, acaba adquirindo um sistema inapropriado. “A ideia do documento é que possamos gerar os itens básicos, específicos que precisam ser avaliados para esta aquisição, seja na etapa de projeto, na aquisição e instalação. Hoje o sistema de aquecimento solar, por si só, já se vende, por sua eficiência e economia, porém sempre percebemos a falta de mão de obra qualificada ao longo destas etapas.”

A expectativa da ABRASOL é que o Manual atenda ao gerenciador da obra, seja a construtora ou o comprador. Nele será informado o que a construtora precisa solicitar dentro da etapa de projeto e, o que o projeto precisa apresentar para que o consumidor possa efetuar uma compra segura. “Muitas vezes os serviços de projeto são adquiridos pelos clientes sem que estes recebam as informações mínimas e os detalhamentos necessários para uma compra adequada, com um sistema eficiente e com custo operacional mínimo.”

O Manual de Boas Práticas atenderá a qualquer porte de obra com lançamento previsto para o mês de novembro/2020.

Solar Payback 2020-2021

A ABRASOL e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK) iniciaram mais uma etapa de trabalho do projeto “Solar Payback”. Criado com objetivo de incentivar o uso da fonte solar térmica para processos industriais (SHIP - Solar Heat for Industrial Processes), o projeto terá definido em breve uma programação de atividades para 2020 e 2021.

A AHK Rio e a ABRASOL (Associação Brasileira de Energia Solar Térmica) são as instituições de referência responsáveis pelo desenvolvimento e implementação do projeto no Brasil. Como parte da iniciativa "International Climate Initiative (IKI)", o projeto é apoiado pelo Ministério Federal do Meio-Ambiente, Conservação da Natureza, Construção e Segurança Nuclear da Alemanha (BMU) baseado numa decisão tomada pelo parlamento da Alemanha. O projeto visa aumentar a sensibilização para o potencial técnico e econômico das tecnologias SHIP, fornecendo informações transparentes sobre os custos e benefícios do SHIP.

O projeto Solar Payback também coopera com instituições financeiras para desenvolver modelos de financiamento que apoiam as partes interessadas e os investidores na garantia de acesso a estes sistemas. O projeto também publicou um estudo de viabilidade econômica e financeira sobre a aplicação dos sistemas em processos industriais, que está disponível como fonte relevante para estudos adicionais sobre este tema.

Para o presidente da ABRASOL, Oscar de Mattos, o projeto deverá contribuir para o crescimento do mercado de aquecimento solar térmico no Brasil, fomentando informações técnicas que contribuam para a formação de políticas públicas de interesse do setor produtivo, bem como fonte de informações técnicas e troca de experiências entre os países participantes do projeto.

Nordeste ganha hospital para idosos com sistema de aquecimento solar térmico

Engº Luiz Mário Ribeiro Matos – Gerente de Instalações da Construtora Celi

Independente do tipo de empreendimento, o aquecedor solar vem ganhando cada vez mais espaço quando a questão é economizar na hora de aquecer água. Mais um exemplo dessa pluralidade é o Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI), o primeiro do Brasil com especialidades e foco, totalmente voltados para os idosos, que acaba de ser construído em Recife (PE).

Com uma área total de 20.387,35 m² e área construída de 8.452,84m², o sistema de aquecimento solar foi pensado visando a redução do consumo de energia elétrica e o conforto e segurança para os pacientes, que a água aquecida por sistema de aquecimento solar térmico pode proporcionar.

O hospital possui quatro prédios (administrativo, enfermaria, cirúrgico, consultórios e exames). O sistema de aquecimento atende especificamente os banheiros das enfermarias, pontos de torneiras da área de preparo de alimentos, que ficam no prédio administrativo, e pontos de torneiras em áreas específicas do bloco cirúrgico.

Segundo o Engº Luiz Mário Ribeiro Matos, gerente de Instalações da Construtora Celi, as placas estão distribuídas na cobertura do edifício da Administração, para facilitar o posicionamento, por ser o prédio em maior cota da área do terreno.

A obra já está finalizada e deverá ser inaugurada no dia 10 de agosto. A expectativa é que o funcionamento seja imediato no atendimento à população. O gerente informa que a estimativa é de uma redução em torno de R$ 9.500,00/mês no consumo direto e uma redução total na demanda contratada de energia. “Em termos de geração de energia limpa corresponde a aproximadamente 12 mil kWh/mês.”

Luiz Mário faz questão de ressaltar que a Construtora Celi é uma empresa que se preocupa com a preservação do Meio Ambiente, não apenas nessa obra. “Instalamos o sistema solar térmico também no Hotel Go Inn, em Aracajú – SE, que é um ativo do grupo. O sistema está instalado desde sua construção em 2016.”

O Desafio de Integrar a Cadeia Produtiva

Com o objetivo de integrar a cadeia produtiva do setor de aquecimento solar ao canal de distribuição, Davi Kulb, assumiu a Vice Presidência de Comércio, Projetos e Instalações da ABRASOL. Segundo ele, não basta produzir um bom produto para maximizar seu benefício na ponta, seja numa instalação residencial, comercial ou industrial. É essencial fortalecer, qualificar e estruturar todos os setores envolvidos desde a fabricação dos aquecedores, até o funcionamento dos mesmos no cliente final.

Para tanto, afirma que é essencial a integração dos projetistas, instaladores, distribuidores e revendedores ao processo de qualificação, certificação, estruturação e divulgação do setor. Temos como meta criar um crescimento sustentável para o setor de aquecimento solar, e para tanto estamos trazendo projetistas, instaladores e revendedores para o quadro associativo, a fim de juntos, através de diferentes GTs (Grupos de Trabalho) desenvolvermos ferramentas de qualificação como o Manual de Boas Práticas que trará premissas básicas para instalações, projetos e produtos empregados em sistemas de médio e grande porte além de um programa de marketing voltado para promover o canal de revenda que buscar a qualificação de seus produtos, projetos e instaladores.

O vice-presidente da ABRASOL acredita que só através da qualificação de todos os stakeholders envolvidos no processo é que será possível garantir uma curva crescente e sustentável para o setor. Apesar de parecer um grande desafio ele garante que não falta energia e que “respira aquecimento solar”. “Tenho certeza que estas ações aumentarão o nível de satisfação dos clientes. Estamos confiantes em trazer para o setor um resultado positivo e crescente durante esta gestão.”

 

Por: Davi Kulb

Vice-Presidente de Comércio, Projetos e Instalações