Boletim l Junho l nº16/2021

A ABRASOL se reuniu com o Ministério de Minas e Energia (MME) e com a ANEEL, para mostrar as contribuições que o setor de energia solar térmica pode propiciar ao país. As duas reuniões foram bastante positivas, na análise do presidente Oscar de Mattos.

Especificamente no caso do MME, a principal solicitação foi de que o governo invista em publicidade orientando a importância dos consumidores trocarem o chuveiro elétrico pelo aquecedor solar de água. “Mostramos que no horário de ponta, os chuveiros elétricos representam 37% do consumo elétrico em residências e 7,2% do consumo total de eletricidade no Brasil, e que o setor residencial representa 27% do consumo elétrico brasileiro.”

Outro aspecto positivo do encontro com o MME foi a recomendação que para priorização dos projetos que envolvam o aquecimento solar de água, estimulando assim uma mudança significativa na cadeia energética.

Nas duas reuniões, Mattos reforçou que o setor tem cerca de 55% de sua capacidade ociosa, ou seja, o setor pode rapidamente triplicar sua capacidade produtiva. “Já temos a estrutura pronta, só precisamos de um aumento na demanda.”

Vale ressaltar que em termos de capacidade instalada em MW, o Brasil ocupa o 5º lugar, e o 4º em quantidade produzida de MW/ano. No geral, o setor deu sua contribuição na redução do uso de chuveiros na ponta. A produção anual em 2020 corresponde a 992MW que deixaram de ser utilizados em chuveiros elétricos na ponta do sistema elétrico brasileiro.

Nas duas reuniões as propostas apresentadas foram muito bem recebidas, e para ambas a ABRASOL deixou como mensagem que o mais importante é que a energia seja utilizada nas funções em que elas são mais adequadas, em um mix de soluções energéticas que permitam um planejamento de longo prazo.

Há 91 anos, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a escassez de chuvas no país para a geração de energia não era tão acentuada. Diante deste cenário, o racionamento de energia elétrica vem assombrando a economia e o desenvolvimento tão esperados para o segundo semestre.

Paulo Henrique Schoueri, Diretor do Departamento Sindical da Fiesp

Em meio a inúmeras medidas de remediação, surge uma importante oportunidade para o segmento de aquecimento solar de água mostrar todos os benefícios que essa tecnologia amplamente sustentável, pode trazer para aliviar o sistema elétrico e ainda contribuir com o meio ambiente.

No entanto, alerta o presidente da ABRASOL, Oscar de Mattos, além de divulgar a tecnologia é preciso que o mercado esteja pronto para atender um aumento de demanda. “É importante avaliar os estoques, investir em matéria-prima, em pessoal especializado. Temos que mostrar todo nosso potencial para atender esse mercado.”

A possibilidade de racionamento preocupa tanto os consumidores residenciais quanto os comerciais. Na indústria ele pode significar a paralisação da produção, justamente quando o mercado esperava recuperar uma parte das perdas geradas pela pandemia. O diretor titular do Departamento Sindical e de Serviços da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Henrique Schoueri, ressalta que à medida que aumenta o custo da energia ele passa a refletir no preço do produto, alterando toda a precificação.”

A mesma opinião é partilhada pelo coordenador da Trevisan Escola de Negócios, Mestre em Direito Ambiental pela PUC e especialista em Gestão e Negócios do Setor Energético pela USP, Fabrício Soler. Segundo ele, quando não é possível atender à totalidade da demanda de fornecimento de energia elétrica, a esperada retomada da economia tende a não se concretizar em razão de potenciais impactos e pressões inflacionárias, sobretudo entre os bens industriais, nos quais a energia é um dos principais insumos do setor.

Fabrício Soler, Coordenador da Trevisan Escola de Negócios

Para ele é fundamental a priorização de energias renováveis por intermédio de incentivos fiscais que possibilitem reduções na carga tributária das empresas do setor, com alíquotas zeradas de PIS, COFINS, impostos de importação, impostos sobre Produtos Industrializados (IPI), deduções da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, isenções de ICMS, além de taxas diferenciadas e extremamente reduzidas de financiamento, entre outras medidas de fomento e estímulo à economia verde.

Nesse sentido, Soler destaca a importância de se potencializar o crescimento e a diversificação equilibrada da matriz energética por meio da produção de renováveis, inclusive pela energia solar para uso residencial, comercial ou industrial que está em franca expansão em território nacional.

Os vereadores do Município de São Paulo estão prestes a aprovar o Projeto de Lei que institui a Política Municipal de Energia Solar. De autoria do vereador Eliseu Gabriel (PSB), o Projeto está em tramitação na Câmara dos Vereadores. Tendo passado pela primeira votação no início do ano, o Projeto foi submetido novamente a votação em junho, oportunidade em que foi aprovado com o mesmo texto enviado.

O Projeto entra agora em sua última instância, com grande chance de ser aprovado. A expectativa é que ele vire Lei ainda no segundo semestre de 2021. Dentre outras coisas, o Projeto prevê a utilização da energia solar nas edificações do Município de São Paulo, quando houver viabilidade técnica e econômica; estímulo ao estabelecimento de empresas e à geração de empregos locais e de qualidade na cadeia produtiva de energia solar e o fomento à capacitação e formação de recursos humanos para atuar em todas as etapas da cadeia produtiva da energia solar.

Com o agravamento da crise hídrica e a consequente possibilidade de um racionamento de energia, a busca por soluções sustentáveis finalmente ganhou o destaque no noticiário. Procurando estimular a discussão, a ABRASOL intensificou sua comunicação com a imprensa e com os consumidores.

Como resultado, apenas no mês de junho, o presidente Oscar de Mattos deu três entrevistas sobre o tema. Uma entrevista foi para a TV Cultura – Jornal da Tarde. Na matéria, que aborda a crise hídrica e as alternativas sustentáveis, Mattos explica o custo da implantação do aquecedor solar de água e o prazo para retorno do investimento, entre 2 e 3 anos.

Duas entrevistas foram para o portal InfoSolar. Na primeira Mattos explicou a diferença entre o uso do aquecedor solar de água e a energia fotovoltaica.

Além de mostrar as vantagens do uso dessa tecnologia para o aquecimento de água, o presidente da ABRASOL ressaltou se tratar de uma indústria totalmente nacional, com enorme potencial de crescimento e que pode ser utilizada conjuntamente com outras fontes de energia renovável.

Na segunda entrevista, Mattos comentou o pronunciamento do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, anunciando a criação da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG). Segundo o presidente, a criação é benéfica pois, estabelece limites de uso, armazenamento e vazão das usinas hidrelétricas, contribuindo dessa forma para evitar a falta de energia, o que traria impactos negativos à economia.

Mattos ressaltou ainda os benefícios do aquecedor solar de água para a redução do consumo de energia elétrica, sobretudo no horário de ponta (17h às 21 horas), pelos chuveiros elétricos, que representam 25% do consumo elétrico em residências e 6% do consumo total de eletricidade no Brasil.

Matéria veiculada no dia 22 de junho, na TV Cultura – https://bit.ly/3zUKRGi

Confira a íntegra da matéria publicada no Info Solar em: https://bit.ly/3gJeiT1

O aquecedor solar de água precisa fazer parte de uma das soluções para um possível racionamento de energia em função da crise hídrica. Essa é a opinião do vice-presidente de Marketing da ABRASOL, Marcelo de Melo Madeira. No entanto, ele defende uma ação conjunta, tanto da Associação quanto do mercado. “Os fabricantes, revendedores, enfim, o mercado, precisa aproveitar esse momento e apresentar ainda mais a tecnologia, os benefícios, e colocar o aquecedor solar de água como uma peça importante para resolver esse quebra-cabeça”.

Madeira ressalta que o setor pode ajudar o Brasil nesse momento, fornecendo uma tecnologia que permitirá aos brasileiros gerar energia térmica e aquecer água sem depender das fontes convencionais de energia elétrica.

O vice-presidente comemora os bons resultados conquistados pela ABRASOL nos últimos meses. “Temos feito um trabalho de aproximação com o governo Federal, principalmente o Ministério de Minas e Energias (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para mostrar no que o setor pode contribuir.”

Nos últimos meses a aproximação ficou ainda mais forte e gerou uma conquista importante, que foi a inclusão do aquecedor solar de água no Projeto Casa Verde e Amarela. “O governo entendeu os benefícios e manteve o aquecedor solar nas habitações sociais. Isso é fruto desse trabalho e da abertura que o governo nos deu para apresentar a tecnologia.”

Logo, ressalta, nesse momento em que o país inteiro busca soluções, é preciso aproveitar para intensificar ainda mais a comunicação com a imprensa, com os consumidores e com os governos. “Não basta que apenas a ABRASOL faça isso, precisamos unir todo o setor. Cada um precisa fazer a sua parte para conquistar o espaço que o aquecimento solar de água merece ocupar na realidade energética do país.”

Marcelo Madeira
Vice-Presidente de Marketing